O erro de Darwin
Antes de mais, note-se que o título, O Erro de Darwin, não foi de todo
inspirado no livro, O Erro de Descartes, escrito pelo neurologista António Damásio. Para comprovar tal, basta referir
que nunca li ou sequer peguei em tal livro, aliás, norma seguida com qualquer
tipo de escrito. Além disso, o meu desempenho na leitura é de tal ordem que mal
permite ler palavras que contenham vogais misturadas com consoantes! Aliás, a aprovação
no exame da quarta classe, envolveu a transação de dois cabritos e dez almudes
de azeite. Para finalizar, não sou neurologista, porventura deveria era ser
consultado por um psiquiatra.
Ora
bom, vamos lá então fazer história…
Na
minha modesta opinião, um dos maiores equívocos da história da ciência, até hoje
ocultado, muito provavelmente por questões de bom senso, foi introduzido pelo
naturalista inglês Charles Darwin. A
imprecisão cientifica a que me refiro é, e só apenas, a Teoria Evolutiva das Espécies.
Segundo
Darwin, “os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores hipóteses de
sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de
descendentes. Os organismos mais bem adaptados são, portanto, selecionados para
aquele ambiente”. Assim dito, até parece coerente! Todavia, uma análise mais
cuidada dos princípios em que Darwin se
apoiou para estabelecer tal teoria, põe a descoberto algumas fragilidades. Analisemos
então esses princípios:
Principio:
Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações de toda a natureza, não
sendo portanto idênticos entre si.
Assim
sem mais, a veracidade deste princípio parece inegável. Com toda a certeza, se em parte assim
não o fosse, diversas qualificações deixariam de ser aplicáveis. Apreciações,
como por exemplo, bonito, feio, alto, baixo ou mesmo palerma, deixariam de
fazer qualquer sentido. Além disso, outras práticas bastante comuns na sociedade
actual, tais como, a injúria alicerçada em aspectos físicos, mentais ou até mesmo
o exercício do adultério, seriam impraticáveis. Afinal de contas, indivíduos
semelhantes, não se qualificam entre si como, preto, amarelo, branquelas, parvo, pote… No caso do adultério,
a inexistência de variações entre indivíduos, potenciaria simples equívocos e
não cornudos. Felizmente, gatos, coelhos, pássaros, mulheres e homens
apresentam algumas disparidades.
Todavia,
uma análise mais cuidada do referido enunciado apresenta profundas debilidades.
Para as colocar a descoberto, suficiente será considerar o simples caso do
esquilo e do carapau. Ambos são da mesma espécie, ou seja, animais irracionais que
não sabem falar francês! Além disso, apresentam variações ao nível dos olhos,
boca, rabo, farpela, etc. Até aqui tudo bem! Todavia eles são idênticos! A
provar isso mesmo, basta considerar o facto de ambos subirem às árvores,
excepto o carapau!
Principio:
Todo o organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo muitos
descendentes. Todavia, apenas alguns dos descendentes chegam à idade adulta.
Aqui,
o caso muda de figura. Pois é… nem todo o organismo tem possibilidade de se
reproduzir! Aliás, esta afirmação é, porventura, no mínimo redutora. Não
considera, por exemplo, moléstias ao nível do sistema reprodutivo,
rebentamentos de isqueiros nos bolsos de calças ou mesmo entalões do dito cujo em
fechos éclair.
Por
outro lado, a imprecisão deste primeiro princípio é também certificada pela
simples existência do Casimiro. Esta criatura, mais conhecida por Fred Astaire,
devido ao seu desempenho, digamos aparatoso, na pista de dança da danceteria Paradise, nas matinés de domingo. Mas bom, voltando à questão central, o Fred mesmo não tendo sofrido de qualquer
das maleitas anteriores, o único tipo de reprodução por ele alcançada,
resume-se à de cassetes do Malhoa no autorrádio. Aliás, o único género de
convívio conhecido entre o Casimiro e seres da mesma espécie, mas femininos, é na base da, digamos, transação comercial de serviços. Assim, podemos concluir
que, felizmente para o bem da humanidade, a hipótese do Casimiro ter
descendentes e destes chegarem a adultos é tão grande como a de acabarem os
impostos em Portugal.
Principio:
Devido à luta pela vida entre os descendentes, o número de indivíduos de uma
espécie é mantido mais ou menos constante ao longo das gerações.
Para
desmontar por completo este princípio, basta apenas pensarmos na actividade
piscatória. Logo para começar, não haveria necessidade de cotas em tal
actividade. Por outro lado, se o enunciado fosse verdadeiro, resultaria claro
que todo o carapau sobrevivente às disputas entre herdeiros, chegaria a
chicharro! Facto que ignora por completo os jaquizinhos fritos com molho de escabeche, consumidos na tasca Arrebenta-a-tripa.
Principio:
Como há transmissão de temperamento de pais para filhos, estes apresentam essas
variações positivas. Assim, ao longo das gerações, a seleção natural dos
indivíduos mantém ou melhora o grau de adaptação destes ao meio.
Olha
variações positivas! Os pais do Casimiro eram pessoas bem formadas e perfeitamente
integradas na sociedade. Logo, é de todo impossível que o indivíduo tenha
sofrido qualquer variação do tipo positiva. Ao contrário dos progenitores, o
Casimiro além de ser um perfeito palerma é também um desadaptado, não só em
relação ao meio que o rodeia, mas de tudo o que se possa supor.
Mais,
em momento algum, a referida criatura apresentou a mais ténue evidência de
possível evolução. Pelo contrário, desde tenra idade, é apontado como o
individuo mais idiota e, vá-la parvo, de toda a freguesia e arredores. Estatuto que mantém com louvor e distinção!
Pois
é… olha Darwin, temos pena!