terça-feira, 14 de novembro de 2017

Já cozi o bacalhau

Já cozi o bacalhau

Em tempos, embora contrariado, convivi com um individuo que, além de padecer de falta de bom-senso, gostava de dizer coisas. Tal criatura, entre um vasto rol de alarvidades proferia, amiúdas vezes, algo do género: “Ná deixes para amanhã o que podes fazer hoje e, se a queres bem-feita fázia tu”. Pois bem, deixando de parte os pontapés na gramática, vejo-me agora obrigado a concordar com tal afirmação!
Por esse motivo, hoje não estive de modas e, sem perder mais tempo, abotei eu próprio o bacalhau da consoada na panela e cozi-o! Teve que ser! Ao que parece está por ai a rebentar o Natal! À pois é! Prenúncio disso é, por exemplo, o ímpar acontecimento em que ontem tive o desprazer de estar envolvido dentro de uma superfície comercial… A chegada do Pai Natal! Pois nem mais, não bastavam já os enfeites e os sininhos a tocar, apareceu-me pela frente um pelotão de Peter Pan´s, liderados pelo barrigudo com indumentária à clube da segunda circular.
Aqui, antes de mais, fará talvez sentido fazer um pequeno parêntesis, uma vez que poucos são os acontecimentos situados ao nível da “Chegada do Pai Natal”. Provavelmente, apenas e só, uma espécie de ajuntamento designado “Web Summit”, roçará tal palermice. Notem que, pese embora a comitiva de boas-vindas ao Pai Natal, inclua indivíduos com gosto duvidoso, nomeadamente ao nível da farpela e, estes não terem por tradição realizar jantares em jazigos, são ainda assim bastante robustas as semelhanças entre os dois eventos, senão vejam:

Em ambos os casos, os convivas acreditam no Pai Natal!

Todavia, na recepção ao Pai Natal, os intervenientes são maioritariamente crianças e não pagam bilhete!
Mas bom, esquecendo lá a questão do repasto na companhia do Vasco da Gama, Eusébio e restantes ilustres finados, existe, contudo, uma questão pertinente relativamente ao Pai Natal… Será normal o tipo dar à costa no início de Novembro? Mas então, o Natal não é só no final de Dezembro? Calhando não! Afinal de contas, até já teve lugar a tradicional peregrinação ao brinquedo com 50% de desconto em talão! A oferta foi tão variada que inclusive incluiu carros de bombeiros com vulgaríssimas tripulações compostas por Pais Natal de chocolate! Seja como for, é altamente lógico comprar presentes de natal com dois meses de avanço…

Olha que se lixe! Pelo sim, pelo não, eu cá já cozi o bacalhau e comprei o cabrito para a Páscoa!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Podia ser pior...

Podia ser pior…

Desenganem-se os mais sépticos, que não acreditam no juízo final e consequentemente, na ressurreição dos mortos.

“Juízo Final- julgamento final e eterno feito por Deus sobre todas as nações, incluindo a Benfiquista. Este momento terá lugar depois da ressurreição dos mortos e da Segunda vinda de Cristo (Apocalipse 20:12-15)”.

Em relação ao julgamento das nações, o processo está, para já, embargado. Ao que parece, umas escutas quase ilegais, caixas de robalos sem robalos, e-mails não-sei-quê e outras geringonças do género, estão a emperrar a coisa numa pequena província de Espanha.
No que toca à segunda vinda de Cristo, a coisa já está alinhavada, faltando só encontrar um espaçoso T3, daqueles com 70 m2 e vistas desafogadas para as marquises dos prédios ao lado. A questão só ainda não está resolvida devido a uma disputa imobiliária com uma acordeonista, uma tal de Madona.
Relativamente à ressurreição dos mortos, o processo foi iniciado, encontrando-se em fase de testes no Camboja. A metodologia utilizada para reanimar finados precisa, contudo, de algumas afinações, nomeadamente ao nível do funcionamento. Prova disso mesmo, é a seguinte notícia publicada num jornal nacional de referência. Ou então não!


A ex-viúva garante que o comportamento do bezerro é exactamente igual ao do ex-finado marido. À partida, tal semelhança de conduta parece em nada abonar a favor do falecido. Contudo, fazendo uma análise mais aprofundada do binómio falecido-bezerro, provavelmente, concluir-se-á que quem sai verdadeiramente lesado com tal comparação é o bezerro! Senão vejamos.
Para começar, o falecido, de sua graça Sabino Maria, foi parar ao Camboja depois de entrar à socapa num navio porta-contentores, convencido que era o cacilheiro para a Trafaria. Apesar de estranhar o tempo de viagem e o destino, o seu sentido de orientação, situado ao nível do exibido pelo Cristóvão Colombo, aliado à sua infindável imbecilidade, permitiu ao Sabino concluir que estava no entreposto chinês de Vila do Conde. Por outro lado, tal paralelismo entre comportamentos acaba também por enxovalhar o bezerro, na medida em que o Sabino era um ser tão, vá-la, inútil, que nem para bifes prestava. Já o bezerro…