segunda-feira, 3 de setembro de 2018


Auto-Route de Burgos…


A Auto-Route de Burgos é aquilo que representa um verdadeiro hino à música. Esgalhada pelo Bob Dylan português, o artista da Beira Baixa Jerónimo, esta música é um dos muitos sucessos da banda Jerónimo e os Cro-Magnon, onde se destacam outros êxitos inesquecíveis como: Dias de chuva com granito calibre #3 e #5, Tasca da Estação, Balada do Trolha e Apanhar o grelo.
Despeço-me com amizade, deixando a letra de Auto-route de Burgos, música que homenageia o emigrante dentro de cada um de nós.

AUTO-ROUTE DE BURGOS

Auto-route, auto-route
Auto-route, auto-route

Vinha eu na auto-route,
Vinha eu e ma famile.
Vinha eu tout tranquile
No meu nouveau automobile
Que me custou 50 mil balas
Lá no meu apartement.

Auto-route, auto-route
Auto-route, auto-route

Bem, la vinha eu na auto-route de Burgos
Quatre-vingt dix noventa auto-route a fora toute la vitesse.
Vinha eu, um algeriano, um marrocano e cinco arábes
Quando de repente à côté d'auto-route havia uma casa tipo maison
Com fenêtres p'rá frente, janelas p'ra trás
E um placard à côté que dizia "restaurant".
Entrei no restaurante
Disse "Garçon, uma bièrre p'ra moi,
Outra bièrre p'ró outro moi
Que está à côté de moi".
E outro moi disse "Garçon,
Outra bièrre p'ró outro moi à côté de moi".
E o outro moi disse "Oh, se tu veux,
Eu também veux".

Auto-route, auto-route
Auto-route, auto-route

Bem, saímos do restaurant complétement îvre.
Prendi a auto-route quatre-vingt dix noventa, auto-route a fora toute la vitesse,
Quando de repente um auto-bus, moitié dentro, moitié fora da auto-route...
Oh que grande accident...
Parti uma jambé
Fui parar à l'hopital
Foi então que chegou o médecin
Disse "Monsieur, só tem uma solution,
Ou vai p'ró chômage,
Ou vai p'rá retraite,
Ou então vai lá p'ró vale
Das batatas no seu Portugal".

Auto-route, auto-route
Auto-route, auto-route

Bem, lá fui eu p'ró vale das batatas no meu Portugal
Prendi uma semaine de vacances e fui até à la plage.
Lá estava eu au bord de la mer, avec ma mére, quando a minha mére disse:
"Oh Michel, Michel! Rien, rien!" E eu comecei a rienar.
Lá estava eu no meio de la plage a rienar tout-a-fait
Quando de repente me começou a faltar o air conditioned
E eu estava a ir au fond...
E a minha mére da outra côté de la plage gritava
"Oh Michel, Michel! Qu'est-ce que se passe?"
E eu disse "Oh, non se passe nage, non se passe nage. Só estou a rienar".

Auto-route, auto-route
Auto-route, auto-route


Mar da Beira Interior

Nascido e criado no interior do País, as férias na infância eram passadas longe do mar. Ou pelo menos, assim o julgava. Porém, graças a um ido ministro da República Portuguesa, viria mais tarde a descobrir que cidades junto a nuostros hermanos eram também litoral. Vá lá saber-se porquê… Apesar disso, e se a memória não me atraiçoa, lá por terras da Beira Interior, o mar no seu sentido mais clássico, nunca despontou.
Na escassez de mar, consolas, quinhentos canais de televisão e computadores, a miudagem brincava na rua. Bom, em relação aos computadores, a coisa não era bem assim. Na época, alguns afortunados já dispunham de uma espécie de PC, alguns com uns poderosos 128k de memória1, que permitiam jogar uns evoluídos jogos. Porém, existia uma ténue fronteira entre jogar ou não, situada na disponibilidade de um monitor, a televisão lá de casa. Na maioria dos casos esta era única e, os habitantes vários. Resumindo, telejornal e novelas quase sempre levavam a melhor.

1 Algumas dessas lendárias máquinas dispunham de leitor de cassetes. Mas o suprassumo, era quando vinham equipadas com drive de disquetes.

Na rua, as actividades tinham nomes do tipo, futebol, belharda, chinquilho, espeta, berlinde, etc. Todos, ou quase, tinham uma duração do tipo muda aos 5, acaba aos 10. Tinham também a particularidade de serem disputados pelos próprios. Sim, as figurinhas eram feitas na rua para quem as quisesse ver! Hoje, felizmente, estas situações ficam circunscritas normalmente a uma sala, onde não apenas crianças mas também adultos, de comando em punho frente a um televisor aparentam estar sujeitos à fúria de um exame de vespas.
Por outro lado, a forma como a criançada se encontrava na rua para brincar, era no mínimo esquisita. Os ajuntamentos não eram combinados em redes sociais ou por SMS2. A pé ou de bicicleta, a malta lá se esgueirava de casa3 e, pronto! Foram tempos difíceis e arriscados. Por um lado, eram difíceis porque nem sempre era possível usar a bicicleta. A razão era simples: a maioria de nós não a tinha! Era arriscado, porque a ter bicicleta, não usávamos capacete, joalheiras e sei lá mais o quê… Arranhões e hematomas eram motivo de orgulho. Infelizmente, eram também mais um dos muitos pretextos para as nossas mães nos afiambrarem.

2 Se a internet era uma miragem, a palavra telemóvel nem do dicionário constava.
3 Fugas habitualmente premiadas. No regresso, umas lambadas eram quase certas.

Na derradeira etapa da adolescência lá decidi rumar até ao litoral, mas daquele que tem mar! Fui para o algarve! Nem mais, logo à rico! Para embarcar nessa aventura, espatifei os 20 contos aforrados como caixeiro. Sim, é verdade, fui comerciante, sete anos no verão! Embora seja esquisito, trabalhar era muitas das vezes uma actividade de férias. Na época, a exploração infantil tinha um significado algo diferente: os gaiatos iam trabalhar para explorar o que custa a vida!
Como na altura ainda não havia TGV, fui de comboio regional. Maravilhoso, apenas 16 horas de viagem. Até então, não tinha a noção de como era longe o Algarve. Afinal de contas é quase Marrocos! Chegado ao destino, rumei ao parque de campismo4, onde após cuidado e detalhado estudo sobre sombras5, armei a barraca. Posto isto, fui até ao mar.

4 A opcção pelo campismo deveu-se ao gosto pelo contacto com natureza, este fortemente incentivado pela escassez de liquidez.
5 Na manhã seguinte viria a concluir que Galileu estava errado, ou seja, o sol move-se. Não senti a Terra mexer, no entanto, a sombra da manhã, nada tinha a ver com a da tarde anterior.


No final da tarde, já dotado de um belo escaldão e vencida a fila para o banho no campismo, fui em busca de repasto. No restaurante, empunhando a ementa, conclui que as férias seriam extremamente instrutivas. No algarve, a língua oficial é o inglês! Desde o pedido até à conta, tudo se passava como se trata-se de um distinto turista inglês, daqueles que vêm da Inglaterra. O desfecho disso, e talvez também consequência do inglês de praia, foi que pedi várias vezes comida de que não gostava e paguei contas para as quais não estava psicologicamente preparado.
Por motivos óbvios, os oito dias planeados rapidamente encolheram para quatro. Mesmo assim, consegui evitar o comboio e regressei de carro. Ah pois é, regressei à boleia!
Já adulto, mas solteiro, resolvi investir em férias além-fronteiras. De poupanças6 em punho lá comprei um pacote de férias denominado “Vá para fora”. No entanto, o produto afinal era “Vá para fora, cá dentro”. Efectivamente, o “cá dentro” estava lá, mas ofuscado por um cartaz dum concerto, acho eu, da Samantha Fox.

6 Pronto já sei! Estão a rotular-me de antiquado. Devia era ter feito um crédito para férias, depois como saldar a coisa, era apenas um detalhe.

Ultrapassado o equívoco, enfiei-me num avião rumo a um longínquo paraíso tropical. A ideia era passar umas férias sem portugas! Todavia, durante a viagem alguns “tá bem, passa pra cá, desampara a loja”, sugeriam presença lusa a bordo. E de resto, o ensurdecedor aplauso a assinalar a aterragem, certificaria o meu maior receio. A bordo seguia uma força invasora! Uns quantos recém-casados, alguns reformados e grupos de solteiros, ainda meio anestesiados7, compunham as suas fileiras!

7 A capacidade máxima do vidrão de bordo terá sido atingida 1 hora após a descolagem.

Durante o desembarque, momentos houve que roçaram os experimentados pelas tropas aliadas durante o dia D na Normandia. No meio do salve-se quem puder, soavam frases do tipo: “amor, não te esqueças da máquina fotográfica”, “deixa passar que estou com uma sede do caraças!”, “amorzinho, vai tu à frente”, “manel, trouxeste os dentes”; “Bora lá às gajas”. Os dados estavam lançados!
Enfim, instalado no hotel, ou melhor num colonato luso, quase que conseguia repousar após uma viagem de 16 horas. Sim, quase, já que entretanto uns quantos indivíduos faziam a ronda, cantando qualquer coisa yellow submarine. Felizmente, as férias acabaram e lá regressei para um local com menos Tugas por metro quadrado, Portugal!
Posteriormente, vieram as férias em família. Aqui a coisa era bastante mais calma. Na véspera da partida, dava-se início à carga dos pertences essenciais para uma semana de férias. Normalmente, a coisa resolvia-se com três malas de roupa por pessoa, ou seja, no caso um total de nove. Depois, o saco com equipamento de praia, o do farnel para a viagem, outro com ração para os animais e, finalmente, o carrinho de mão. E pronto, estava tudo!
No dia seguinte, os três, o cão, o gato e o canário, lá partíamos rumo ao descanso. Por vezes, para facilitar o fecho das portas, o cão entrava pela janela, já com o carro em andamento. Percorridos cerca de 10 km de um total de 500, o Alfredo, criança da família, iniciava a sequela de perguntas. O “ainda falta muito?” ou então o “já estamos a chegar?” seriam repisados um sem número de ocasiões, que até o cão rogava por misericórdia.
Chegados ao destino, o primeiro dia era preenchido a descarregar e a arrumar as tralhas, num belíssimo apartamento no 5º andar frente à praia, sem elevador. Ao segundo dia, carregávamos o carinho de mão com o equipamento de praia e rumávamos até ao areal. Ao final da tarde, lá se regressava a casa. E assim se passavam os dias de descanso, tirando o último.
No derradeiro dia, o processo do primeiro era repetido, mas agora a descer escadas. No regresso, devido às habituais compras de férias, para fechar as portas, não bastava o cão entrar pela janela. O canário ajeitava-se no cinzeiro e o gato seguia de correio azul. Com sorte, o bichano chegava ao destino no dia seguinte!

domingo, 8 de abril de 2018

É gostosa, mas é fraca!


É gostosa, mas é fraca!

Há uns anos, conheci três sujeitos cuja graça era Casolas, Espadinha e Bacalhau. Estas personagens, entre outras actividades palermas, aplicavam grande parte do seu tempo a lançar desafios uns aos outros. Envoltos em grandiosidade, os ditos desafios assentavam essencialmente na estupidez inerente a cada um dos desafiadores. Todavia, será de salientar que as ideias do Casolas se destacavam, isto apesar da forte concorrência. O Casolas era, sem margem para qualquer dúvida, o mais parvo dos três. Manobras, como por exemplo, voar do alto de uma azinheira com umas asas de papelão, saltar de um salgueiro para uma ribeira com meio metro de água, ou ainda, descer ravinas de bicicleta sem travões, eram o garante de tão solene distinção.
O lançamento da primeira pedra, em qualquer que fosse o desafio proposto, consistia em usar a expressão: “Não és capaz!” ou então “Não és homem não és nada!”. Picado um, o outro servia de testemunha e, caso necessário, auxiliava posteriormente no salvamento. Em geral, o resultado desta actividade eram escoriações e pequenas fracturas, umas resultantes directamente do desafio e outras por chegar a casa com a roupa a puxar para o badalhoco.
Com o evoluir da espécie, e não, não se iludam, nessa evolução o Casolas, Espadinha e Bacalhau não estão incluídos. Eles, além de não terem evoluído, apresentam robustos sinais de regressão. Refiro-me então aos jovens de hoje em dia. Estes seres, também colocam desafios uns aos outros, só que já não são colocados presencialmente nem envolvem testemunhas. Os desafios são agora promovidos no não sei quê YouTubaro, e estão envoltos numa criatividade apenas ao alcance de mentes enxertadas de limoeiro. Além disso, as primitivas provocações: “Não és capaz!” ou “Não és homem não és nada!”, também já não são usadas. Agora, um qualquer individuo vê o dito no YouTubaro e, por auto-recreação abota mãos à obra, tendo como única testemunha a câmara a filmar. Cumprida a tarefa, pega no filme e espeta com ele no YouTubaro, isto está claro, se ainda respirar.
Alguns desafios modernos chegam a roçar a excelência, por exemplo, o consumir pastilhas para a máquina de lavar, trepar a prédios sem usar rede ou enfiar facadas no próprio corpo à ordem de outro, são desafios indiscutivelmente inspiradores. Há que reconhecer que, à primeira vista, o Casolas e companhia, não passam de uns meninos à beira destes jovens, nomeadamente dos que sobrevivem.
Contudo, um enfrentamento geracional de desafios acabaria por demonstrar que não é bem assim! Uns jovens YouTubaros propuseram ao Casolas um desafio, que consistia em entornar goela abaixo um almude de uma bebida alcoólica, escolhida e paga pelos YouTubaros. A bebida eleita foi a Spirytus Rektyfikowany (Álcool rectificado, com 96% de teor alcoólico, destilado de beterraba ou batata, produzido na Polônia), para ser consumida em dozes de meio quartilho.
Finalizada a décima ronda, o Casolas aguardava, nervoso, o atesto do copo e, o oponente YouTubaro, acamado no chão, aguardava reanimação. Entretanto, e apesar do reconhecimento da derrota por parte dos YouTubaros, o Casolas exigia mais um meio quartilho à conta da vitória, enquanto arrematava: “É gostosa, mas é fraca!”.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Afinfa-lhe...


Afinfa-lhe…


A notícia seguinte relata as aventuras sexuais de um japonês com o bucho de um tamboril, desinfectado com sal e água e, anticipa uma provável traição com uma lula.

Um homem japonês, que tem por hábito descrever as suas práticas sexuais insólitas na rede social 2channel, sob anonimato, acabou hospitalizado depois de usar um tamboril para se masturbar. O homem, que trabalha com peixe, disse que mexia todos os dias naquela espécie e que tinha "curiosidade" em experimentar usar o estômago de um tamboril para se masturbar.Com fotografias, o japonês explicou que tomou precauções. Desinfetou o órgão cru do peixe, com sal e álcool, antes de usar a membrana do estômago como uma luva na mão.


"Estou a tirar as calças agora", escreveu o homem na última foto da experiência que publicou. A aventura não correu bem e, mais tarde, foi revelado que este mesmo homem deu entrada num hospital com dores no pénis. Foi diagnosticado com uma inflamação na uretra e, mais tarde, apurou-se que tinha contraído uma infeção parasitária por se ter masturbado com o peixe cru. O japonês, que continua a recuperar em casa, não pareceu demovido e já disse aos seguidores que pretende fazer a mesma experiência mas desta vez com recurso a uma lula.

Como entre casais não se mete a colher, deixo apenas algumas questões que talvez mereçam reflexão:
a)      O porquê de um tamboril quando o chicharro sai mais em conta?
b)     Então, “tomar precauções” no sexo, significa lavar os órgãos com água e sal?
c)      Se o sal pode ser utilizado como desinfectante, porque não se esfregam as feridas com ele?
d)     Será que a promessa de traição com uma lula se deve a esta possuir pernas?
e)  Ao que parece existem seguidores desta prática. Assim sendo, esta classe de mirones será demente ou será só parva?

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Dá-se furgoneta


Dá-se furgoneta


Um destes dias ao consultar o Borda d’água, deparei-me com um arrebatador artigo sobre relacionamentos amorosos. Segundo o autor, especialista em psicologia canina, os relacionamentos amorosos obedecem a um processo iniciado com a atracção, evoluindo para a paixão e finalizando no amor. Todavia, não implica que, após a atracção, exista evolução para a paixão e, da mesma forma, da paixão para o amor. Ou seja, a coisa leva tempo e pode correr mal! Deste modo, é desde já possível concluir que, a existência do chamado “amor à primeira vista” é quase tão certa como a do Pai Natal!
No seguimento, é afirmado que no capítulo da atracção, boa fatia é promovida pelo estímulo visual enviado para o cérebro. No caso das mulheres, aspectos, como por exemplo, a indumentária, o penteado e até o carro, são particularmente relevantes. No que respeita à viatura, aconselha-se vivamente a quem usa uma furgonete, seja ela de caixa aberta ou fechada, a livrar-se dela! A experiência mostra que é preferível andar a pé! Mas bom, existindo agrado inicial, a atração só ganha proporções verdadeiramente sérias se, ao estabelecer contacto, forem evitados gafanhotos, passar por educado e culto e, mais importante, manifestar sentido de humor. Caso a atracção triunfar, no dia seguinte das duas uma: ou se avança para a paixão ou então, prudentemente, adquire-se o estatuto de desaparecido.
O estágio da paixão, mais oneroso em dinheiro e empenhamento, pode ser mais ou menos longo, dependendo do nível de cegueira apresentado por cada um, nomeadamente na identificação dos defeitos do companheiro. Inicialmente, predomina o deslumbre pelas virtudes e o empenhamento em agradar ao parceiro. Durante esse período é essencial não cometer o despropósito de oferecer flores ou outros donativos. Esse gesto produz forte dependência, sendo o processo de desmane longo e penoso.
Num estado mais avançado da paixão é conveniente fazer algumas verificações, nomeadamente ao nível dos dotes culinários. Esta análise poderá evitar-lhe futuras dietas forçadas e problemas gástricos. Além disso, recomenda-se a compra de uma furgonete e a prática habitual de imbecilidades. Para finalizar, sugerir à companheira que talvez fosse benéfico inscrever-se no ginásio. Se depois disto tudo, sair ileso, quer dizer que existe a condição necessária para que a paixão evolua para amor. Essa condição consiste na criação de uma ligação baseada em companheirismo, afecto, confiança, respeito, fidelidade e compreensão.
Neste contexto, é possível concluir que o amor é uma amizade colorida. Além disso, o insucesso dos relacionamentos pode ser justificado com base na actual dificuldade em arranjar amigas que saibam cozinhar e, que além disso, queiram ter relações depois de um passeio de furgoneta.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Novo Colaborador

Novo colaborador


No sentido de dar alguma dignidade ao Calhando era de Evitar, resolvi recrutar um novo colaborador que primasse pela diferença. Desta feita, procurei por alguém bem formado e que acima de tudo, não seja palerma. Entre as numerosas candidaturas, quase duas, estava uma que manifestava um bom senso e uma formação pessoal e académica, nunca antes vista na redação deste pasquim. Trata-se da Mimi, com quase 10 anos e, quase a quarta classe.
No seguinte, podemos tomar contacto com a primeira colaboração da Mimi:

Quando olhas para a vida
Sentes que vai acabar
Sentida
Para nos abalar

Às vezes penso
O que vai acontecer
Penso e repenso
Se vou enlouquecer

A caminhada
Para a morte
É complicada
Tens de ser forte

By Mimi

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Entrudo

Entrudo


Ao ilimitado génio criador do Zé Marreco deve-se, entre outras obras emblemáticas, a criação de uma espécie de colectividade designada CROFT (Cooperativa Recreativa Organizadora de Festas e Tainadas). Os sócios da CROFT, na sua larga maioria palermas encartados, além de festas e tainadas, participam também em qualquer tipo de ajuntamento, nomeadamente, greves às segundas e sextas-feiras, manifestações expontâneas, comícios políticos e, caso não sejam convidados, em casamentos e baptizados.
O Zé Marreco, embora pouco adepto de filhós e rabanadas, resolveu envolver este ano a CROFT nos grandiosos festejos de Carnaval da Ribeira de Janeiro, freguesia berço da CROFT. A ideia foi organizar um corso multicultural que inclui-se Matrafonas, Samba, Caretos, Gigantones e uma quadrilha de Zorros. Para Reis do carnaval foram nomeados, sob coação física, os famosíssimos artistas Sabino Rui e Joana Pina. Personalidades cuja ascensão ao estrelato se ficou a dever ao exímio desempenho do Sabino como boi e da Joana como vaca, no presépio vivo dos bombeiros voluntários.
As bailarinas de samba foram cedidas a título de patrocínio pela danceteria Luar Doce. As Matrafonas e os Caretos ficaram a cargo dos sócios da CROFT. Para Gigantone foi empossado o Celso, conhecido em toda a freguesia por reanimar garrafões de vinho, através de respiração boca-a-gargalo.
Todos, incluindo os Reis, foram vestidos com trajes da mais distinta qualidade, quase oferecidos pela luxuosa superfície comercial BAZAR CHINÊS – XIU MIAU. No que toca aos Zorros, por serem uma praga de surgimento espontâneo, o seu ajuntamento foi deixado ao acaso.
Chegada a hora, o Entrudómetro, situado entre a Taberna do Cristo e a casa do Mingacho, estava completamente lotado de esfoliantes e turistas vindos de toda a parte, incluindo dois americanos emigrados na Lua desde 1969. Resistindo a um calor escaldante de 3 graus, a multidão de quase 50 pessoas, aguardava impacientemente o início dos festejos. A segurança, estava a cargo de uma patrulha da GNR coadjuvada pelo Chico Knorr, especialista em escaramuças e churrascos.
Iniciado o corso, tudo corria dentro do planeado. Incluía de tudo, até a sátira política estava presente. Por exemplo, num dos carros alegóricos podia ler-se: “O Presidente da Junta e a secretária andam enrolados” e noutro: “O Presidente só usa o cartão de crédito da Junta no Luar Doce”, enfim, desabafos normais do povinho!
Contudo, no decorrer do cortejo, iniciaram-se as tradicionais rixas de ocasião que inspiraram os Caretos, nomeadamente o seu líder Anacleto, a desatar à lambada a um grupo de fuzileiros mascarados de escuteiros. Consequência de tamanha imbecilidade, o corso ficou privado da participação dos caretos, entretanto internados. Depois, uma desordem de base etílica levou o Tonho João a confundir a Emília Peixeira com uma Matrafona. Vai daí, a Emília, sem estar de modas, aplicou tamanha arrochada no Tonho João que este saiu virado ao Borracheira que conduzia um tractor atulhado de Matrafonas. O tractor dá uma guinada e vai abalroar um pelotão de Zorros. Entretanto, o Gigantone Celso, ao sair da Taberna do Cristo, já convenientemente hidratado, tropeça na soleira da porta e, ao estilo de um míssil balístico, invade o cortejo. Depois de vários ameaços, meteu a quinta e acabou por se espatifar contra o piano de cauda da orquestra filarmónica.
Todavia, a situação só haveria de descambar por completo, quando uns indivíduos do SEF, diga-se, criminosamente, inibiu os amantes do Samba de presenciar o espectáculo desenvolvido pelas desnudadas bailarinas e seus varões. A desculpa para confiscar as bailarinas foi que não sei quê ilegais. A revolta foi total! Os operacionais da GNR presentes no teatro de operações, desprovidos de meios para interagir com a multidão enfurecida, deliberam, por unanimidade, ir beber uma mini. Entretanto, de tudo era arremessado, desde andarilhos, garrafões de vinho vazios e até a mulher do Patolas foi parar ao tejadilho da viatura do SEF.
Enfim, a coisa correu mais ou menos mal! Além de Caretos, Matrafonas e Zorros amassados, o presidente da Junta passou à condição de sem abrigo solteiro, o Luar Doce fechou por falta de stock e a GNR autuou o Anacleto por estupidez agravada e o Celso por excesso de velocidade. Por tudo isto, o Zé Marreco embargou, por tempo indeterminado, a participação da CROFT em todas as celebrações religiosas que envolvam andores ou carros alegóricos.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Horóscopo 2018

Horóscopo 2018

Tem signo? Está curiosa/o com o que lhe reservam os astros para 2018? Venha descobrir com o Mestre Esfola-Patos1, tarado encartado, meio-vidente e serralheiro de limpos.
1 O Mestre Esfola-Patos é especialista em problemas de alcoolismo com laranjada, tabaco de enrolar, maus-olhados, invejas, birras, impotência sexual, negócios sem factura, injustiças, depressões e problemas com acidentes de toda a natureza, nomeadamente com aqueles que envolvem queda de árvores. Resolve todos os tipos de problemas via cheque visado ou transferência bancária.
O seu método único e, infalível, assenta no alinhamento de Plutão relativamente ao Entroncamento, isto para quem vai de lá virado para cá. Além de fornecer, de uma só assentada, previsões para todos os signos, inclui fenómenos relacionados com nabos gigantes. Ora vamos então às previsões!
Em 2018, as cartas regentes do seu signo serão a carta nº 14 (Manilha seca) e a carta nº 36 (Sena triste). Para qualquer que seja o nativo, 2018, será um ano de continuação de projectos, isto claro, se os tiver e não finar! Mas bom, na hipótese de estar vivo e de ser o suficientemente parvo para ter projectos, sentirá que o tempo não chegará para os finalizar. Desista de tudo e faça o mínimo possível! Se mesmo assim tiver falta de tempo, abdique de estar com a família em proveito da farra com as amigas/amigos.

Amor
Se está num relacionamento, poderá sentir que a sua relação caiu na rotina. Procure travar conhecimento com a vizinha/o da frente. As dúvidas assombrarão o seu espírito e questionar-se-á, se apenas uma/um amante será suficiente! Por outro lado, a sua cara-metade poderá ficar melindrada/o e será necessário elaborar uma estratégia de contenção de danos. É possível que alguns nativos, menos hábeis na arte do endrominar, se vejam presos na própria espiral de intrujices e, consequentmente algumas relações azedem. Não desanime, para a próxima já terá mais experiência para ludibriar a legitima/o.
Caso seja solteira/o deverá comprar um espelho e, só depois, acreditar no seu grande magnetismo e poder de sedução.

Finanças
Em 2008 é provável que receba aliciantes propostas de trabalho. Evite expor-se à tentação de fazer algo produtivo. Afinal, os subsídios para alguma coisa existem!
Deverá ter muito cuidado com a gestão das suas finanças. Poderá ter uma vontade súbita de fazer um grande investimento, por exemplo comprar uma casa ou um carro. Atenção! Não deverá ceder à tentação de gastar apenas aquilo que pode pagar! Deixe que a sua ambição a/o incite a agir impulsivamente! Além de comprar a casa, compre também o carro e espatife o resto em férias! Lembre-se que um investimento deste tipo só lhe trará alguma instabilidade futura, caso estiver a pensar liquidá-lo.

Bem-estar
Devido à correria constante em que passará este ano, será normal que se sinta cansada/o! Oiça o seu corpo e tire férias, mesmo quando sentir que não precisa. Melhore a sua alimentação, respeite as horas das refeições e acima de tudo, evite trabalhar.
Fazer exercício físico regularmente colabora para atingir e manter um peso saudável. Se tem uma balança em casa, livre-se dela! Assim não saberá o seu peso e, consequentemente evitará ter de fazer força, quer seja em ginásios ou ao ar livre!